Mulher, a maravilha é você respeitar o seu próprio processo no seu próprio tempo

Por muitos anos a mulher assume a postura de coadjuvante na vida profissional do homem, fato muito bem observado em pesquisas como a de Silvia Federici, onde encontramos dados sobre a economia invisível em que a mulher foi colocada para exercer atividades não remuneradas para alavancar o sucesso profissional de seus companheiros.

O tempo passou, os anos são outros e muitos avanços temos, todavia a figura da mulher continua sendo atrelada à figura masculina, como sendo apenas um adereço de suas conquistas. Sim, isso ainda é presente mesmo hoje, com grandes conquistas femininas no ramo empresarial e profissional e no ramo do Marketing Multinível a realidade não é diferente. Mesmo com Mary Kay, hoje conhecida mundialmente, sendo uma empresa voltada para o marketing multinível para a mulher, ainda podemos observar que trata-se de uma exceção do ramo.

Muitos fatores enraízam o pano de fundo para essa realidade permanecer, todavia devemos ficar atentas às necessidades de mudanças sociais. Hoje, a Rede Mulher Empreendedora liderada por Ana Fontes, por exemplo, possui ampla experiência em pesquisas sobre a necessidade do empreendedorismo feminino não ser encarado com uma visão romântica e que a independência financeira é uma base sólida para a saída de mulheres que vivem em relacionamentos abusivos

No marketing multinível não precisamos de muito esforço para perceber que há maior presença de liderança masculina, agora fica a dúvida do motivo dessa realidade se, segundo Endeavor, mulheres em cargos de liderança representam maior lucro para a empresa.

A resposta para essa questão está na construção social entre homens e mulheres. Conforme Alice Eagly e Linda L. Carli no artigo Women and the Labyrinth of Leadership da Harvard Business Review em 2017, quando somandos todos os fatores responsáveis pela escassez de mulheres na liderança, surge uma nova explicação para esse cenário.

Não é o teto de vidro como se pensava duas décadas atrás, que impede a ascensão das mulheres, mas vários obstáculos ao longo do caminho. O que Eagle e Carli, da Northwestern University e da Wellesley College, preferem denominar de labirinto por simbolizar a complexidade e a variedade dos desafios enfrentados pela mulher nessa jornada. Cruzar um labirinto requer persistência, consciência do próprio progresso e uma análise atenta das dificuldades mais à frente. É possível, sim, transpô-lo, mas o caminho é repleto de voltas e desvios, tanto previstos como imprevistos.

Vestígios de preconceito contra a mulher, questões ligadas ao estilo de liderar e à autenticidade na liderança, além de responsabilidades no lar, são apenas alguns desafios. A pressão para um cuidado intensivo com os filhos e o alto tempo exigido pela maioria das ocupações profissionais de alto nível deixam à mulher pouco tempo para socializar com colegas e tecer redes de contatos profissionais, ou seja, para acumular o essencial para um ramo como o Marketing Multinível que é o capital social essencial para a ascensão de uma grande liderança.

Mesmo diante deste cenário a mulher desenvolve um senso de urgência, integridade e justiça muito maior ao até então encontrado no ambiente profissional/empresarial, predominantemente masculino. Diante de responsabilidades a mulher busca solução com perspectiva da situação, são objetivas e precisas em suas decisões profissionais.

Para esses e outros entraves temos soluções propostas e elas são variadíssimas. Juntas, trazem a esperança de termos o ideal de equidade na liderança ainda nos tempos próximos. Para isso é necessário mudar a realidade das mulheres oferecendo a possibilidade de alcançar a liberdade financeira e objetivos pessoais. 

E mesmo ingressando nessa independência financeira, a mulher encontra outras barreiras para alavancar o seu negócio ou a sua carreira, afinal estamos diante do preconceito mais arraigado da história da humanidade, a misoginia e foi pensando nisso que nasceu o programa EL’AS (Empreendedoras e Líderes: Atitudes em Ser), onde há a maior valorização do emocional da mulher e encara o seu negócio como reflexo de todo um trabalho feito de forma direcionada, individual com apoio coletivo. Rede de apoio é uma realidade que fortalece e uma das mais difíceis de acessarmos, pois há outra raíz em nossa sociedade, a do mito da “competição feminina”.

Na busca pela nossa autonomia em sermos o que desejarmos, precisamos ter consciência para não adoecermos e não cairmos nas tais síndromes contemporâneas, precisamos saber a hora que devemos dar colo e decolar, saber quando andar, correr ou descansar. Diferenciar as cobranças sociais daquilo que desejamos para nós.

Não é todo dia que somos “mulheres maravilhas” e está tudo bem. Nem mesmo a Amazona conseguiria suas conquistas sozinha todo dia. A diferença  é saber o que nos impede e o que nos impulsiona para chegar onde sonhamos.