O que impede as mulheres de ocuparem cargos de liderança? Harvard te conta

No mês de maio foi divulgada uma pesquisa da Harvard Business School com seus ex-alunos e alunas sobre o andamento de suas carreiras. Muitos lugares acompanharam a análise tirada da amostra e aqui vamos fazer uma pequena análise ressaltando alguns detalhes que ninguém te conta.

PRIMEIRO PRECISAMOS CONSIDERAR O PÚBLICO DA PESQUISA

alunos de Harvard já é um público seleto da população mundial, uma quantidade bem pequena de amostra diante de tantas outras universidades. Estamos falando de uma instituição tradicional com mais de 300 anos.

“Então, se falamos de um público muito pequeno, por que então é importante considerar o resultado de sua pesquisa com ex alunos e alunas?”

Harvard representa uma instituição a ser seguida em termos acadêmicos. Preza pela qualidade e tradicionalismo nas áreas as quais atua. O público que estamos falando é algo que reflete o comportamento de um inconsciente coletivo comum das sociedades que caminham para a evolução em termos de comportamentos sociais e tecnológicos. Em resumo, as sociedades com economia, PIB, centros acadêmicos, condições sociais mais estáveis, servem como caminho a se seguir. É uma espécie de “ para onde estamos mesmo indo?”

Um outro ponto que precisamos falar antes de iniciar o resultado da pesquisa é que temos em mãos apenas uma amostra da pesquisa completa, porque mesmo tendo 380 anos, faz apenas 50 que Harvard admite em seus cursos de doutorado e MBA mulheres.

E em comemoração à data, houve essa pesquisa a cerca do caminho que seus ex alunos tomaram. Uma conversa sobre liderança e vida. Gênero, oportunidades e escolhas.

AGORA VAMOS ANALISAR SOBRE OS RESULTADOS DA PESQUISA:

mesmo com os avanços que tivemos no ambiente de trabalho em 50 anos, sabemos que a mulher não ocupa cargos de liderança de forma expressiva. E então, foi pesquisado sobre o que impediu tal avanço.

O levantamento constatou fatores internos:

  • priorizar a família sobre o trabalho, por exemplo é um fator interno, a principal barreira para a progressão na carreira das mulheres, como características do individuo.

E sobre fatores externos, que influenciam mulheres e homens, já temos uma diversidade maior. Para mulheres prevalece a exclusão das redes informais e falta de mentores influentes e patrocinadores.

  • Três quartos das mulheres concordam que esses fatores são barreiras para o avanço feminino, enquanto que metade dos homens concordam.
  • Da mesma forma, três quartos das mulheres concordam que a falta de um ambiente de trabalho favorável e uma cultura organizacional inóspita serve como barreiras, enquanto pouco mais de metade dos homens partilham esta avaliação.

Estes resultados sugerem que mulheres e homens têm diferentes pontos de vista sobre as experiências das mulheres no local de trabalho. E aqui começa a diferença no comportamento que dão continuidade no preconceito com a mulher em cargos de liderança.

Para o homem os fatores externos são menos importantes para alavancar sua carreira, diferente da mulher. Para ela os fatores externos pesam mais na hora de decidir sobre sua carreira. Como o homem não acredita tanto nessa realidade acaba adotando uma postura preconceituosa quando a mulher dá importância nos ambientes de trabalho oferecidos por esses homens e assim surge o fomento inconsciente do preconceito com a mulher nos ambientes de trabalho.  

ATÉ QUE PONTO OS PRECONCEITOS E DESIGUALDADES DENTRO DAS ORGANIZAÇÕES IMPEDEM AS CARREIRAS DAS MULHERES?
  • Como mulheres dão uma importância maior sobre a influência de fatores externos como principal agente de impedimento de seus avanços na carreira, logo os relacionamentos, todos eles, como a influência de se ter mulher sênior, tem um peso maior.

Nota: agora você consegue perceber o quanto “elas por elas”, “grupos de whatsapp”, encontro de mulheres e todos os tipos de conversas que dão apoio psicológico para a mulher se manter firme em suas decisões profissionais são importantes? Pois é, a base para o empoderamento feminino está em criar ambientes onde elas se sintam a vontade para serem quem são e exercerem o seu melhor onde escolherem. Isso começa em casa, seja sozinha ou acompanhada. Da família, amigos e os ambientes de trabalho são apenas reflexos de uma nova conduta em relação a mulher.

PRECISAMOS DESTACAR ALGUNS FATOS ANTES DE CONCLUIR

Fato:

  • 40% dos alunos são mulheres.

Nota: mesmo com 50 anos de admissão da mulher dentro da instituição, a sua presença é tímida por diversos fatores externos comprovados até pela própria pesquisa.

Fato:

  • entender o cenário de alunos que realizaram a pesquisa é fundamental para termos um paralelo sobre o avanço do assunto.

Fato:

  • a análise geral nos mostra que os homens estão em maioria, e são mais velhos. Os mais novos estão propensos a terem filhos em maior porcentagem em relação às mulheres de sua faixa etária.

Nota: aqui já podemos notar, em tempos como os de hoje, uma maior proximidade e até tímida diferença de resultados sobre a formação de famílias no futuro. Isso muito se deu pelo antigo argumento de que filhos impedem a mulher de crescer profissionalmente e então criou-se essa barreira: ou se tem filho, ou se trabalha fora. E hoje podemos constatar que o cenário não é bem assim.  

Fato:

  • as mulheres que cuidam de crianças em tempo integral, tem participação mais ativa e estão em níveis mais elevados de envolvimento da comunidade de ex-alunos. Também mais propensas a terem posições de liderança em trabalho de caridade ou sem fins lucrativos.

Nota: isso explica o fato da necessidade de ambição na mulher em cargos empresariais onde a maior motivação até então foi de maiores ganhos financeiros. Aqui, observamos claramente que sim é verdade quando uma mulher diz que suas maiores ambições não estão nos maiores prêmios ofertados que despertam a ganância pessoal. Pelo contrário, a mulher busca um propósito muito maior para seus feitos e ações.  

Fato:

  • também foi pesquisado quais são os valores mais importantes para eles

Da pesquisa podemos concluir que temos sim um avanço, mesmo que tímido sobre a situação da mulher em cargos de liderança. Apesar de necessitar ainda de mais apoio estrutural podemos ver a diferença entre gerações.

Hoje, as preocupações entre homens e mulheres estão mais próximas que em outras épocas. Hoje, essa diferença está em maior concentração na faixa etária dos envolvidos do que no gênero. Homens e mulheres da mesma faixa etária acabam dando ênfase de preocupação nos mesmos pontos. Embora os homens tenham mais a autoconfiança de acreditar que o sucesso está diretamente ligado à ele do que no ambiente, diferente da mulher.

Olha que interessante esse reflexo histórico. Não podemos desanimar ou menosprezar ambientes, palavras, grupos que deem valor ao avanço profissional da mulher. Daí surge a importância da manutenção de grupos de redes sociais, eles exercem sim um impacto nas ações diárias da mulher como comentado acima.